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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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domingo, 16 de setembro de 2018

Cântico dos Cânticos: a distribuição das falas destacando o protagonismo feminino

Palavras-chave: Bíblia Hebraica, Cântico dos Cânticos, protagonismo feminino, discurso.       
Bibliografia básica:
ABADÌA, José Pedro Tosaus. A Bíblia como Literatura. Tradução de Jaime A. Clasen. Petrópolis: Vozes, 2000.    
BRENNER, Athalya. (org.). Cântico dos Cânticos a partir de uma leitura de gênero. São Paulo: Paulinas, 2000.
BRUNO, Forte. Os graus do amor no Cântico dos Cânticos. São Paulo: Paulinas, 2012. 
CAVALCANTI, Geraldo Holanda. O Cântico dos Cânticos. São Paulo: EDUSP, 2005.
COELHO, Carla Naoum. Ampliando horizontes: análise de interpretações do feminino a partir do texto bíblico. Tese de doutorado em Ciências da Religião.  Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. Goiás: Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2015.
DI SANTE, Carmini. Israel em Oração. Tradução de João Aníbal Garcia Soares Ferreira. São Paulo: Edições Paulinas, 1989.
GUSSO, Antônio Renato. Os livros Poéticos e os da Sabedoria. Curitiba: A.D. Santos Editora, 2012.  
LIMA, Maria de Lourdes Corrêa. Exegese bíblica: teoria e prática. São Paulo: Paulinas, 2014.
MAZZAROLO, Isidoro. Cântico dos Cânticos: uma leitura política do amor. Porto Alegre: Mazzarolo Editor, 2000. 
MENA LÓPEZ, Maricel. A Torá Feminina: introdução histórico literária. Ribla 67 (2010/3). Meguilot. Enfoque feminista. São Bernardo do Campo/SP: Nhanduti Editora, 2010. p.9-28.
SASSI, Katia Rejane. Pentateuco feminino: cinco livros proclamados nas festas judaicas. São Leopoldo: CEBI, 2012.
__. Desenrolando as cinco Meguilot festivas. Ribla 67 (2010/3). Meguilot. Enfoque feminista. São Bernardo do Campo/SP: Nhanduti Editora, 2010. p.29-45.
SIMIAN-YOFRE, Horacio (org.) et al. Metodologia do Antigo Testamento. 2.ed. São Paulo: Loyola, 2011. 
PELLETIER, Anne-Marie. Bíblia e hermenêutica hoje. São Paulo: Loyola, 2006.
SILVA, Maria José Modesto. Cântico dos Cânticos em Perspectiva Alegórica e Semiótica. Tese de doutorado em Ciências da Religião.  Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. Goiás: Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2015.
ZENGER, Erich et alii. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Loyola, 2016.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

“El Cantar de los Cantares” es una colección de poemas de amor



Aurora (04/04/2013): “El Cantar de los Cantares” es una colección de poemas de amor (Rabina Jana Klebansky): El Cantar de los Cantares” es una colección de poemas de amor entre un amante y su amada, y entre una amante y su amado. Los Sabios analizaron mucho este libro, y la mayoría de sus interpretaciones indican que el mismo es un ejemplo de las relaciones entre El Santo Bendito Sea (el “amante”) y el pueblo de Israel (la “amada”). Según una antigua costumbre ashkenazi se lee el libro “El Cantar de los Cantares” (“Shir HaShirim) en público en el Shabat de Jol Hamoed Pesaj, antes de la lectura de la Torá. Unas de las frases que mereció este libro viene del Rabi Akiva: “...Nada tuvo valor en el mundo como el día que fue entregado “El Cantar de los Cantares” al pueblo Israel...Pues todos los escritos son sagrados, pero “El Cantar de los Cantares” es lo sagrado entre lo sagrado“. (Iadim 3,5). ¿Qué es lo “sagrado entre lo sagrado” que vieron los Sabios en “El Cantar de los Cantares”? >>> Leia mais, clique aqui.

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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O ''não'' da mulher dos Cânticos ao rei Salomão



IHU (30/08/2012): O ''não'' da mulher dos Cânticos ao rei Salomão: Na Bíblia, há um livro que fala de amor. É o mais curto dos textos sagrados. Ele figura entre os ketüvîm ("escritos"). O seu título: Cântico dos Cânticos. Por séculos, sobre ele, as interpretações se acumularam. E ainda continuam. A reportagem é de Armando Torno, publicada no jornal Corriere della Sera, 28-08-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto. >>> Leia mais, clique aqui.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Cântico dos Cânticos, um congresso em Veneza

IHU (01/11/2011): Cântico dos Cânticos, um congresso em Veneza: Durante três dias, do 3 ao 6 de novembro, em Veneza, o Cântico dos Cânticos será discutido em um congresso organizado pela Universidade Hebraica de Jerusalém, que colocará em debate estudiosos das religiões, filósofos e escritores para examinar o Cântico em todos os seus aspectos: literário/poético, místico, filosófico, e as relações com outras tradições em que o sexo pode ser um caminho para alcançar o êxtase espiritual (por exemplo, o budismo tântrico).

A reportagem é de Viviana Kasam, publicada no sítio Il Sole 24 Ore, 30-10-2011.

Nos seminários em inglês e em francês (não está prevista a tradução para o italiano), participarão Moshe Idel, considerado hoje o maior estudioso da Cabala, a escritora francesa Eliette Abécassis, os filósofos Ami Bouganim e Monique Canto-Sperber (que leciona na Ecole Normale Supérieure de Paris), Yair Zakovitch, um dos especialistas bíblicos mais citados, Marco Ceresa, professor de literatura chinesa e de estudos culturais da Ásia na Universidade Ca' Foscari de Veneza, Guy Stroumsa, professor de religião comparada da Universidade Hebraica de Jerusalém, o presidente da mesma universidade, Menachem Ben Sasson, especialista em hermenêutica bíblica, Clemence Boulouque, escritora especializada em Cabala e misticismo, e Haim Baharier, conhecido pelas suas vertiginosas lições de hermenêutica bíblica. E o jornalista Gad Lerner, que participará de um debate de grande atualidade, no domingo de manhã, sobre sexo e poder.

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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O Cântico dos Cânticos: um exemplo de atividade exploratória na interface entre os estudos da tradução e os estudos da religião

O Cântico dos Cânticos: um exemplo de atividade exploratória na interface entre os estudos da tradução e os estudos da religião

Geraldo Luiz de Carvalho Neto (UFMG)

A Bíblia é um dos livros mais lidos no mundo e sua leitura não se limita ao exame de aspectos puramente religiosos, sua abrangência se estende aos domínios da história, geografia, costumes sociais entre outros. Porém, dentre seus leitores, nas palavras de GABEL e WHEELER (1993: 205), “nem a metade de um por cento leu as suas palavras reais”, visto que a Bíblia está escrita em línguas antigas, o hebraico, o aramaico (uma pequena parte dos textos) e o grego, a que apenas um pequeno número de pessoas tem acesso. No entanto, a expressão “palavras reais” enseja um conceito demasiado subjetivo e engloba uma discussão deveras polêmica sobre originais, manuscritos e tradição copista. Prefiro empregar, destarte, o termo texto hebraico para designar a língua de partida para os trabalhos de tradução de uma determinada edição da Bíblia hebraica, na dependência dos quais se encontram as possíveis leituras dos textos bíblicos para a maioria dos estudiosos e interessados através dos tempos. É nesta esfera que as fronteiras entre os estudos da religião e os estudos da tradução se tornam fluidas. Os estudos da tradução vêm apoiar o estudioso da religião em sua tarefa junto ao texto sagrado, com o objetivo de lhe fornecer um instrumento imprescindível para análise das escrituras, o que faz com que as possibilidades interpretativas se desdobrem através da tradução. >>> Leia mais, clique aqui.


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domingo, 31 de maio de 2009

Um olhar contemporâneo sobre o Cântico dos Cânticos

Revista 18 (Número 26, dez 2008 a Fev 2009): Um olhar contemporâneo sobre o Cântico dos Cânticos - Eliahu Toker: Neste surpreendente livro bíblico, em que a beleza do idioma hebraico atinge seu zênite e o nome do Criador não aparece uma vez sequer, os deleites do amor de um casal de jovens recebem sua mais sublime representação. >>> Leia mais, clique aqui.

domingo, 10 de maio de 2009

O CÂNTICO DOS CÂNTICOS

O CÂNTICO DOS CÂNTICOS: Um Ensaio de Interpretação Através de suas Traduções.

Geraldo Holanda Cavalcanti

Editora: EDUSP

Clique para ver o sumário.

Sinopse: Nenhum texto em toda a história mundial recebeu tantas traduções e interpretações como O Cântico dos Cânticos, afirma Geraldo Holanda Cavalcanti na apresentação de seu estudo sobre o texto bíblico. O fascínio que o texto sempre exerceu em poetas, em literatos e no público em geral rendeu-lhe, desde a Antigüidade até nossos dias, inúmeras traduções, análises e interpretações, marcando a literatura e a cultura ocidentais de forma significativa. Neste ensaio, o autor examina algumas das questões controversas que envolvem o texto, analisa a autoria, a questão da sacralidade, e as inúmeras correntes de interpretação desde a Antigüidade. O objetivo do autor é apresentar um texto de trabalho ou, como prefere, um exercício de compreensão com base no exame criterioso das mais modernas interpretações de estudiosos do assunto. Comentários analíticos acompanham a tradução, enriquecendo a compreensão e justificando as escolhas do tradutor.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Bíblia contém antigo poema erótico judaico cuja origem desafia especialistas

Cântico dos Cânticos celebra paixão entre namorados com imagens fortes e sensuais. Texto mal menciona Deus, mas passou a ser interpretado como símbolo do amor divino.

Reinaldo José Lopes Do G1, em São Paulo
G1, Ciência e Saúde, em 06/07/2008.

"O mundo inteiro só foi criado, por assim dizer, por causa do dia em que o Cântico dos Cânticos seria dado a ele. Pois todas as Escrituras são santas, mas o Cântico dos Cânticos é o Santo dos Santos." A frase teria sido dita pelo sábio judeu Rabi Akivá, por volta do ano 100 d.C., e explicaria porque a Bíblia aceita por cristãos e judeus de hoje abriga esse livrinho misterioso. Os oito capítulos do Cântico dos Cânticos estão cheios de sensualidade e erotismo, descrições apaixonadas do corpo de dois jovens amantes, insinuações do ato sexual -- e uma única menção, que soa quase como nota de rodapé, ao nome de Deus. Como explicar, então, seu status nas Sagradas Escrituras judaico-cristãs?

Se a sensibilidade moderna estranha a presença de uma coleção de poemas eróticos no meio da Bíblia, a defesa do Cântico dos Cânticos (expressão hebraica que significa algo como "o maior dos cânticos" ou "o mais belo dos cânticos") pelo Rabi Akivá sugere que o próprio povo judaico teve dificuldade para aceitar a obra. "Houve muitos debates sobre a canonicidade dele [ou seja, sobre sua inclusão no cânon, ou conjunto oficial, da Bíblia]. No fim das contas, os rabinos acabam aceitando o livro, que é o último a ser incluído no cânon hebraico, mas proíbem seu uso como canções seculares, em salões de banquetes", conta Rita de Cácia Ló, professora do curso de extensão em teologia da Universidade São Francisco (SP).

Apesar da inclusão tardia no conjunto das Escrituras, há indícios de que o Cântico tem uma história antiga e complicada. As versões que conhecemos do livro trazem uma espécie de rubrica, dizendo que o livro é "o Cântico dos Cânticos de Salomão", rei de Israel que viveu por volta do ano 950 a.C., mas a maioria dos estudiosos modernos concorda que essa atribuição é fictícia.

"Na Antigüidade era comum que alguns textos fossem atribuídos a personagens famosos, seja por representar uma continuidade dos seus ensinamentos ou por fazer alusão a momentos marcantes de sua vida ou da lenda gerada por eles", explica Humberto Maiztegui Gonçalves, doutor em teologia bíblica e clérigo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil cuja tese versou sobre o Cântico. Como Salomão, segundo a tradição israelita, teria amado inúmeras mulheres e tido grande gosto pela literatura, seu nome teria sido "atraído" para o poema. "Além disso, Salomão nasceu das loucuras de amor entre o rei Davi e Betsabéia, que era uma mulher casada, o que talvez também possa explicar essa idéia", lembra Rita Ló.

Reino do Norte
Apesar da referência aparentemente fictícia ao sábio Salomão, há no texto uma rápida menção à cidade de Tirza, que foi capital do Reino de Israel, ou Reino do Norte, uma das duas monarquias nas quais teria se dividido o território israelita após a morte de Salomão, por volta de 900 a.C. O interessante é que Tirza foi capital durante um brevíssimo período de tempo, logo após a separação dos reinos, o que pode indicar que ao menos parte do poema remonta a quase nove séculos antes de Cristo. No entanto, também há sinais, no hebraico do Cântico, que o texto foi retrabalhado após a destruição de Jerusalém pelos babilônios (século 6 a.C.), ou até perto do período grego, uns três séculos mais tarde.

As teorias sobre a origem do livro são muitas. "Ele poderia ter sido composto de uma só vez, por um único autor, ou o que temos hoje é a composição de vários poemas de amor que 'menestréis' ambulantes cantavam nos casamentos das aldeias que percorriam", afirma Cássio Murilo Dias da Silva, doutor em exegese bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma e autor do livro "Leia a Bíblia como Literatura".

Com ou sem a participação de menestréis no surgimento do Cântico, um dos pontos surpreendentes no texto é a ênfase dada à voz feminina: em boa parte do texto, quem fala é uma jovem apaixonada e decidida, que procura seu amado pelas ruas da cidade, trama subterfúgios para fazer com que ele entre em seu quarto e anseia por encontrá-lo em meio à natureza, aos bosques e vinhedos, com descrições que evocam a natureza da terra de Israel na Antigüidade.

"Como a macieira entre as árvores dos bosques/Assim é meu amado entre os moços/À sombra de quem eu tanto desejara me sentei/E seu fruto é doce ao meu paladar/Ele me introduziu na sua adega/E a sua bandeira sobre mim é Amor!", declama a jovem. Em nenhum outro texto bíblico os pensamentos e desejos da mulher ocupam um lugar de tamanho destaque. Aliás, a impressão que o texto passa é que se trata de um casal de jovens namorados, e não que os dois sejam oficialmente casados.

"Para quem tenha uma visão da Bíblia com a masculinidade como centro, isso pode chegar a ser até escandaloso. Os homens participaram, no começo, como complemento", diz Humberto Gonçalves. Para o especialista anglicano, é possível dizer que as mulheres são as principais autoras da coleção de poemas do Cântico. "A pergunta é se sua autoria foi oral ou se chegaram a fixar a poesia por escrito", afirma ele. De fato, era raro que uma mulher do Oriente Médio antigo soubesse ler e escrever.

Amor humano, amor divino
Outra característica marcante do texto são os chamados "wasfs", longas comparações poéticas em que cada parte do corpo da amada ou do amado é comparada a um objeto, animal ou lugar. Trata-se de uma fórmula literária que também aparece na poesia amorosa árabe e do antigo Egito. Nesses trechos é que a sensualidade do poema fica mais explícita. "Tua fronte por trás do véu/É como uma romã aberta/Teu pescoço é como a Torre de Davi/Da qual pendem mil escudos/Teus seios são como dois filhotes gêmeos de gazela/Pastando entre os lírios", diz o amado em certo trecho.

"Sem dúvida, o sentido primeiro [do poema] é o amor humano, com tudo o que ele tem de paixão, crise, atração, desejo etc.", afirma Cássio da Silva. Por que, então, a inclusão do texto sensual no cânon sagrado? A explicação mais provável, sugerem os especialistas, é o fato de que a separação entre amor humano e amor divino que existe na cultura moderna era bem menos rígida na sociedade dos antigos israelitas. "No mundo antigo, tudo, inclusive as técnicas artesanais, o amor, a guerra e até os acordos políticos e diplomáticos tinham a ver com divindades", lembra Humberto Gonçalves.

"Não se pode separar a dimensão religiosa e mística do amor humano, porque, em larga escala, é o mesmo sentimento que Deus tem em relação a nós. O amor de duas pessoas reflete o amor com que Deus nos ama. Isso sem falar que o Cântico foi composto numa sociedade bem menos puritana e hipócrita do que a nossa", acrescenta Silva.

Rita Ló lembra que existia uma antiga tradição na qual o amor de Deus por seu povo escolhido de Israel era visto, de forma metafórica, como o casamento de dois seres humanos, o que impulsionaria essa interpretação mística do Cântico dos Cânticos. Por outro lado, Gonçalves diz que a sensualidade do poema pode refletir uma espiritualidade pagã que influenciou os israelitas nas épocas mais antigas. Afinal, os povos vizinhos, e provavelmente os próprios israelitas, adoravam deusas em rituais de fertilidade, o que explicaria em parte a importância feminina no Cântico. Nesse caso, a sexualidade quase explícita também teria um papel espiritual para os primeiros autores do texto.

Vida longa e próspera
De qualquer maneira, a própria sobrevivência do Cântico em épocas posteriores pode significar que ele teve um papel de "resistência" contra os aspectos mais machistas do judaísmo, diz Ló. "Após o exílio na Babilônia, houve um período de fechamento e o crescimento de uma visão muito negativa sobre o corpo da mulher, visto como fonte de impureza. O livro contraria isso", afirma a especialista.

De certa forma, a argumentação do Rabi Akivá ajudou a superar essa tensão, segundo Cássio da Silva. "Afinal, o amor humano vale ou não vale por si mesmo? É ou não é expressão do amor divino? Os rabinos responderam afirmativamente a essas duas perguntas. Tanto que, no calendário judaico, o Cântico dos Cânticos é lido na festa da Páscoa [a mais importante do judaísmo]. E aí entra a mística: o sentimento do amado pela amada e vice-versa ajuda a compreender o amor de Javé por seu povo, Israel, e nesse amor Javé desce do céu para tirar seu amado povo do Egito e dar-lhe a vida e a felicidade. De Israel, espera-se que corresponda ao amor de Javé e lhe seja fiel."

O cristianismo atualizou essa visão ao substituir "Javé" e "Israel" por "Cristo" e "Igreja" na equação: o amor do casal no poema virou também o símbolo do amor de Cristo por sua Igreja, vista como sua "noiva". Dessa forma, a influência do Cântico teve vida longa e acabou se estendendo ao último livro do Novo Testamento, o Apocalipse, na qual a metáfora praticamente conclui a Bíblia cristã.

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