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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sábado, 12 de novembro de 2016

Literatura Hebraica I (2016-2): Mudança de paradigma na pesquisa do Pentateuco

UFRJ – Faculdade de Letras
Disciplina Literatura Hebraica I (2016-2) – Trabalho final.

Observatório Bíblico (02/11/2016):  Mudança de paradigma na pesquisa do Pentateuco: A teoria clássica das fontes JEDP do Pentateuco, elaborada no século XIX por Hupfeld, Kuenen, Reuss, Graf e, especialmente, Julius Wellhausen (1844-1918), vem sofrendo sérios abalos, de forma que hoje os pesquisadores consideram impossível assumir, sem mais, este modelo como ponto de partida. O consenso wellhauseniano sobre o Pentateuco foi rompido. Lembro que o primeiro livro de Julius Wellhausen sobre o tema foi publicado em 1878 (Geschichte Israels) e o mais importante em 1883 (Prolegomena zur Geschichte Israels).
(...) Em 1976 e em 1977 apareceram os livros de Hans Heinrich Schmid (1937-2014) e de Rolf Rendtorff (1925-2014) sobre o mesmo assunto. H. H. Schmid chegou à conclusão de que o Pentateuco era o produto do movimento profético, assim como o era o livro do Deuteronômio, e de que o J deveria ser visto em estreita associação com a escola deuteronômica nos últimos anos da monarquia ou na época do exílio. Rolf Rendtorff não vê nenhuma conexão original entre Gênesis e Êxodo-Números, mas sim uma posterior costura deuteronomista ligando estas tradições. Donde se conclui que a ideia de fontes, tal como a J, deve ser abandonada, e que a formação do Pentateuco a partir de temas independentes é que deve ser pesquisada. 
crise do Pentateuco explodiu, então, em plena luz do dia e ninguém mais podia escapar da constatação de que a teoria clássica das fontes do Pentateuco, pelo menos em sua forma mais rígida, era insustentável.
Conferência na Staatsunabhängige Theologische Hochschule Basel (STH), sobre a mudança de paradigma na pesquisa do Pentateuco. A conferência, que ocorrerá em Basileia, na Suíça, contará com a presença de pesquisadores de universidades europeias, norte-americanas e israelenses. Data: 16-18 de março de 2017.
Chamo a atenção para a conferência como um recurso interessante para se observar o que está sendo debatido nesta área que, como sabemos, está passando por significativas mudanças desde meados da década de 70 do século XX. >>> Leia mais, clique aqui.


Veja mais:
CARNEIRO, Marcelo da Silva, OTTERMANN, Monika e FIGUEIREDO, Telmo José Amaral de (orgs.). Pentateuco: da formação à recepção. São Paulo: Paulinas, 2016.
Sinopse: Este livro é resultado do VII Congresso da ABIB (Associação Brasileira de Pesquisa Bíblia), realizado em 2016 na UMESP, com o tema: Pentateuco - da formação à recepção. Os textos das conferências principais de Jean-Louis Ska (Itália) e Thomas Römer (Suíça/França) abordam questões fundamentais da formação do Pentateuco e dos papéis nele atribuídos a Moisés.  Os demais textos reproduzem conferências de pesquisadores de diferentes regiões e instituições no Brasil e em outros países da América Latina. Aqui encontramos recortes como análises literárias e interdisciplinares de determinados textos e temas, bem como questões da recepção do material, dentro e para além da cultura judaica.  A obra reflete a preocupação da ABIB em promover a pesquisa bíblica da maneira mais ampla possível, e cremos que a fomentará decisivamente, pois reflete o que há de mais atual e relevante nas pesquisas sobre o Pentateuco.

Sinopse: O sentido dos textos bíblicos nem sempre é de imediata compreensão. É necessária certa familiaridade com a linguagem, a cultura e a mentalidade do Oriente Médio antigo. Sem uma preparação adequada e um esforço necessário de compreensão, muitos desses textos permanecem obscuros. Por isso, o autor pretende oferecer um instrumento para a leitura deles, partindo de algumas perguntas muito simples: Que é o Antigo Testamento? Quem escreveu os livros da Bíblia? Quem foi encarregado de reuni-los? Quem fez a escolha deles e segundo quais critérios? Por que alguns livros ficaram de fora? Qual a ordem cronológica em que foram compostos? Biblista de renome, Jean-Louis Ska conclui essa viagem de descoberta do Antigo Testamento com as seguintes palavras: "Permanece, agora, uma única coisa a ser feita: escolher um volume, abri-lo, habituar-se com o seu perfume, com o seu rosto e a sua forma, para se fazer íntimo, como com um amigo. Cada livro é um mundo e um convite à aventura. Vale, também, para os livros bíblicos".

Sinopse: O Pentateuco é um "canteiro sempre aberto", como demonstram os estudos bíblicos das últimas décadas.  Esta obra, do renomado biblista Jean-Louis Ska, compõe-se de duas partes interligadas e complementares. A primeira abrange seis capítulos e é dedicada ao estudo dos problemas de composição e de interpretação dos cinco livros que compõem o Pentateuco; a segunda descreve, ao longo de sete capítulos, os aspectos literários e teológicos presentes e subjacentes no texto bíblico do Pentateuco.  Trata-se de uma obra de referência para o estudo e a compreensão do projeto dos cinco primeiros livros da Bíblia. Muitas das pesquisas bíblicas sobre o Pentateuco e a análise narrativa dos textos bíblicos, desenvolvidas no Brasil, consideram atentamente as contribuições e, pode-se dizer, possuem a marca dos critérios e argumentos presentes nas obras do Prof. Jean-Louis Ska, que se tornaram obrigatórias e de referência para uma adequada e criteriosa abordagem dos textos bíblicos, particularmente do Pentateuco. 

DVDs de autoria de Rafael Rodrigues da Silva produzidos pela Paulus (2010)
Pentateuco: O Pentateuco é um conjunto de narrativas que trata da história do povo desde os grupos patriarcais até a caminhada rumo à terra prometida. Encontramos nesse conjunto os textos míticos sobre a criação da humanidade como uma forma de interpretar a realidade. As narrativas e textos míticos são costurados pelo grande conjunto de leis que direcionam a vida do povo. Neste DVD, vamos refletir sobre a formação desses livros, suas autorias, e começar a desvelar um dos principais enigmas da Bíblia. Material complementar: Leituras sobre o Pentateuco indicadas acima.

As Leis: Encontramos na Torá ou Pentateuco três códigos de leis: o Código da Aliança (Ex 19 - 24); o Código Deuteronômico (Dt 1 - 34) e o Código Levítico (Ex 25,1 - Nm 10,10). Em meio a estes códigos elaborados em momentos diferentes da história do povo de Israel encontramos leis antiquíssimas que reportam às experiências e à organização dos clãs e das tribos. A busca de paz, justiça e saúde eram preocupações que fundavam as leis e proporcionavam a sobrevivência do povo. Leis que nasceram sem datas, mas que marcaram a história, fundamentam a justiça de hoje e ficarão para a eternidade. Vamos desvelar mais um enigma da Bíblia: As Leis.
Material complementar: SOARES, Paulo Sérgio. Introdução ao estudo das leis na Bíblia. São Paulo: Paulinas, 2013.

Mitos: As narrativas das origens (Gn 1-11) são as mais visitadas e carregadas de interpretações em toda a Bíblia. Ao ler estes capítulos, nos deparamos com textos extremamente ocupados pela teologia moral, pela teologia dogmática e pela interpretação alegórica. A intenção aqui é demonstrar que estas narrativas se esmeram em olhar para o presente e para a realidade do povo. Os grupos que estão por trás das narrativas buscam ler o presente para dentro do passado e por isso não estão preocupados em descrever a história das origens na sua veracidade, mas sim demonstrar a real situação em que vivem. Vamos desvelar mais um enigma da Bíblia: Mitos.
Material complementar: Texto de autoria do Professor Emérito Manuel Antônio de Castro - FL/UFRJ (enviado por email/trabalhado em sala de aula). Versão atualizada em 13/09/2005. URL: http://travessiapoetica.blogspot.com.br/search?q=Leitura+e+os+textos

Material de apoio: Apostilas em 3 volumes de autoria da docente.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A Bíblia Hebraica como Obra Aberta: a Estética como ponte dos Diálogos entre o Sagrado e o Humano

JICTAC/UFRJ-2015
A Bíblia Hebraica como Obra Aberta: a Estética como ponte dos Diálogos entre o Sagrado e o Humano.

Davi Tichiriã Felix de Almeida

Resumo: Segundo Anne-Marie Pelletier, a Bíblia não foi escrita e inscrita apenas em uma conjuntura histórica que explica seu sentido. Ela também se vê às voltas com a história que, posterior ao texto escrito, constitui a sequência de suas releituras e de sua recepção. Nesse processo de interpretação incide também, de geração em geração, o sentido das Escrituras. Da mesma forma, o trabalho hermenêutico já se percebe, desta vez, na origem das palavras que lemos, nas releituras e revisões dos registros e da experiência que geraram, desde o Primeiro Testamento, o texto bíblico.
A grande oportunidade de nosso momento atual é a de receber da hermenêutica filosófica e da lírica literária importantes contribuições para aclarar tais realidades — estas últimas, aliás, foram sensíveis às gerações antigas de leitores da Bíblia. Assim, na senda dos pensamentos ou práticas contemporâneas como as de H.-G. Gadamer, P. Ricoeur ou R.Alter, a exegese bíblica abre-se a dimensões negligenciadas da história e do sentido. Ali se encontram, no seio de nossa modernidade, as vias de acesso para uma “leitura integral” das Escrituras.
A Bíblia Hebraica é, na prática, uma obra aberta. O conceito de “obra aberta” de Umberto Eco, que designa a obra artística, é aqui empregado para entender como pôde a Bíblia Hebraica sobreviver por séculos, sendo lida e apreciada por milhões de pessoas, não necessariamente judias. Em razão da estrutura poética da linguagem usada em muitas partes dos textos bíblicos, eles são “abertos” e podem ganhar novos significados a cada geração. Ser “aberto” significa admitir muitas possibilidades de significado para o mesmo texto.
Destacamos uma possível “origem” dessa dialógica, a fim de demonstrar que uma “leitura integral” combina de fato a “fé” (o conhecimento sensível, segundo BOAL) e a razão (o conhecimento simbólico), num constante processo de diálogo onde um entendimento entre as partes é, de fato, possível. Deixando em evidência a Bíblia, como fonte artística de intelecção de seu tempo, de seu mundo e do mundo contemporâneo, “extra-bíblico”, a partir de si própria: uma visão de certo subjetiva, mas que se faz concreta (e, portanto, objetiva), como toda obra de arte.
O objetivo deste trabalho é a Bíblia Hebraica (o texto bíblico) como fenômeno estético, focando-se nela como fenômeno criativo, inovador e, sobretudo renovador (CHWARTZ), posto que ao ressignificar-se constantemente, seus contextos, ao serem enxertados em outros, análogos ou não, fazem com que, dentro de seus limites como obra, ela se expanda e se flexibilize, através do papel ativo de seus leitores como intérpretes e re-escritores – os quais fazem dela, portanto, uma obra de arte de engajamento (ADORNO e HORKHEIMER), sob a égide da “regra de fé e de prática”.

Referências bibliográficas
ADORNO, Theodor W. & HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
BOAL, Augusto. Estética do Oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2001.
CHWARTS, Suzana. Via Maris – Bíblia Hebraica: Textos e Contexto. São Paulo: Humanitas, 2014.
______. Do Estudo Acadêmico da Bíblia Hebraica. In: Revista de Estudos Orientais. Departamento de Letras Orientais. FFLCH: USP. Campinas: Santos e Caprini. Número 6, 2008. p.39-43.
EAGLETON, Terry. Teoria da Literatura: uma introdução. Trad. Waltensir Dutra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
ECO, Umberto. Obra Aberta. São Paulo: Perspectiva, 2013.
MALANGA, Eliana Branco. A Bíblia Hebraica como obra aberta: uma proposta interdisciplinar para uma semiologia bíblica. São Paulo: Associação Editorial Humanistas: Fapesp, 2005.
PELLETIER, Anne-Marie. Bíblia e Hermenêutica hoje. São Paulo: Loyola, 2006.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A redescoberta da Bíblia. Artigo de Gianfranco Ravasi



IHU (26/04/2013): A redescoberta da Bíblia. Artigo de Gianfranco Ravasi: Se Lutero retornasse hoje à Itália ficaria atônito ao ver a difusão do texto sagrado em um grande fluxo de edições e de cópias, mas sobretudo ao descobrir a interminável produção exegética que se acumula nas livrarias não só religiosas.  A opinião é de Gianfranco Ravasi, cardeal presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado no jornal Il Sole 24 Ore, 21-04-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto. Eis o texto.  >>> Leia mais, clique aqui.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Língua Hebraica e Estudos Bíblicos (Edson de Faria Francisco – links atualizados)

Edson de Faria Francisco é linguista, tendo graduação em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), nos cursos de Armênio, Português e Hebraico (1989-2003). É Mestre na área de Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas pela referida universidade (1998-2002). O título de sua dissertação de mestrado é Masora Parva Comparada: Comparação entre as Anotações Massoréticas em Textos da Bíblia Hebraica de Tradição Ben Asher em Isaías, capítulos de 1 a 10, defendida em maio de 2002. É Doutor na referida área e pela mencionada universidade (2003-2007). O título de sua tese de doutorado é Neologismo Semântico na Massorá Tiberiense, defendida em março de 2008.


Coleção de textos para seus estudos e trabalhos bíblicos