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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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terça-feira, 23 de setembro de 2008

A Carta de Aristéias

A Carta de Aristéias[1]

Breve comentário: A Carta de Aristéias, narra a história da versão grega da Torá. De acordo com esse escrito, Ptolomeu II, fundador da Biblioteca de Alexandria, teria encomendado a tradução da Torá ao Sumo Sacerdote de Jerusalém, o qual lhe enviou 72 escribas e um rolo da Torá. A tradução recebeu o nome de Versão dos Setenta, em grego a Septuaginta.

"Quando Ptolomeu, o rei do Egito, soube que os judeus possuíam uma excelente Lei, resolveu providenciar a sua tradução para o grego, e endereçou ao Sumo Sacerdote em Jerusalém, a seguinte missiva:

'De Ptolomeu, rei do Egito, a Eleazar, o Sumo Sacerdote, paz! Segundo me informaram, os judeus dispõem, de uma excelente Lei. Solicito-te, pois, o envio de setenta de teus sábios entendidos na Torá, a fim de que ma traduzam para a língua grega. Em agradecimento à tua cordial acolhida, queira aceitar as dádivas que te remeto por intermédio de meu servo Aristeas'.

O Sumo Sacerdote, ao receber a carta e os presentes de Aristeas, rejubilou-se extraordinariamente e disse-lhe: 'Peço-te permanecer aqui por setenta dias, enquanto escolho os setenta sábios que devem te acompanhar ao Egito'.

(...) Ptolomeu observou a Torá com admiração e respeito. Em seguida, abençoou os setenta sábios e também o Sumo Sacerdote, e curvou-se setenta vezes perante os mesmos. Depois, pediu aos sábios que se sentassem e, tomando a mão de cada um, declarou: 'Hoje é o dia mais feliz de minha vida. Jamais hei de esquecê-lo!'

Ele ordenou o preparo de um magnífico banquete e convidou todos os príncipes e grandes homens de seu reino. Então, o rei fez perguntas aos sábios judeus, a fim de experimentar-lhes a sabedoria. Dentre as questões formuladas e as respostas recebidas, figuravam as seguintes:

- Quando será bem sucedido o governo de um rei?
- Quando o mesmo serve a Deus, recompensa o bom e castiga o perverso.

- Como pode um homem aumentar os seus bens?

- Dando aos pobres.

- Como deve um soberano punir os seus caluniadores?
- Mostrando-lhes misericórdia e paciência.

- Como pode um monarca vencer os seus inimigos?
- Lutando pela paz, fiando-se sempre em Deus e não no exército.

- Como pode um soberano intimidar o coração de seus adversários?

- Mantendo o seu exército sempre pronto, mas usando com discrição.

- Como deve um homem se comportar na adversidade?

- Deve rezar a Deus e confiar em sua ajuda. Precisa também lembrar-se que na face da terra não há criatura humana que não se deparasse alguma vez, com a adversidade.

- Quando revelamos a nossa verdadeira força de caráter?
- Na desdita.

[1] Trecho da Carta de Aristéias. Apud: IUSIM, Henrique. Uma visão panorâmica da história do judaísmo clássico em perguntas e respostas. Rio de Janeiro: Biblos, 1966. p.46-48.