Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

Perfil

Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

Translate

Seguidores

Mostrando postagens com marcador Geografia Bíblica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Geografia Bíblica. Mostrar todas as postagens

sábado, 8 de novembro de 2008

BiblePlaces.com (Todd Bolen)

BiblePlaces.com (Todd Bolen):

News and analysis related to biblical geography, history and archaeology



sexta-feira, 25 de abril de 2008

Mapas e Fotos para Estudos Bíblicos

O Prof. Airton José da Silva comenta sobre a coleção de links para mapas e fotos úteis para os estudos bíblicos: Mapas interativos e Google Earth - Mapas tradicionais e em PowerPoint - Fotos da região e de sítios arqueológicos. No Tyndale Tech, por David Instone-Brewer - Tyndale House, Cambridge, Reino Unido.

Interactive maps & GoogleEarth - Traditional maps & powerpoint maps - Photos of places & archaeology. By David Instone-Brewer, Tyndale House, Cambridge, UK.

Mais Mapas:
Geografia do Antigo Oriente Médio

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Panorama da História e Geografia Bíblica: Israel na Antigüidade

Curso de extensão – 1º semestre de 2008
Setor Cultural – Faculdade de Letras/UFRJ


Panorama da História e Geografia Bíblica: Israel na Antigüidade


Coordenadora e Docente:
Profa. Dra. Cláudia Andréa Prata Ferreira (UFRJ).
Professora doutora do Setor de Hebraico do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ e do Programa de Pós-graduação em História Comparada (PPGHC) do Departamento de História da UFRJ.


Ementa: Apresentação do panorama histórico do espaço geográfico bíblico e a história de Israel na Antigüidade. É importante conhecer as características geográficas de Israel na Antigüidade e sua realidade política, social e econômica para poder compreender e situar adequadamente os fatos narrados no texto bíblico. A importância da experiência religiosa do povo de Israel. A Bíblia é um conjunto de livros que contêm a narração de tal experiência.


Vagas: 20 - Dia da semana: quarta-feira - Horário: 13:00 h às 15:00 h
Período: de 02/04 a 18/06 (12 encontros)

Programa
01) 02/04 –
O Texto Bíblico “Judaico”: cânone judaico (Esserim Vearbaá).
02) 09/04 – Panorama geográfico: os nomes dados à Terra de Israel através dos tempos, a situação geográfica e o sentido religioso da Terra Prometida.
03) 16/04 – A história das origens. As narrativas da Criação dos povos do Antigo Oriente Próximo e sua influência no texto de Gênesis. O pecado original. Caim e Abel. As duas narrativas do dilúvio. A Torre de Babel.
04) 23/04 - As narrativas dos pais. As origens de Abraão. Vocação, aliança e promessa. Sodoma e Gomorra. O sacrifício de Isaac. A relação entre Jacó e Esaú.
05) 30/04 – O Êxodo: uma história de escravidão e libertação. A história de José. A história de Moisés. As dez pragas. O êxodo e a passagem do mar.
06) 07/05 – A terra onde corre leite e mel. O Decálogo e sua relação com as leis hititas e babilônicas. O período de ocupação da Terra Prometida: o percurso e as etapas da ocupação. A distribuição da terra.
07) 14/05 – O tempo dos Juízes. Os Juízes Maiores e os Juízes Menores.
08) 21/05 – O tempo dos reis. A monarquia em Israel.
09) 28/05 – Profetas e Profetisas na Bíblia.
10) 04/06 – Filosofia grega e a sabedoria hebraica. O diálogo entre helenismo e judaísmo.
11) 11/06 – Panorama da Galiléia do I século: A situação geopolítica da Galiléia e as condições socioeconômicas da região. As relações entre Galiléia e Judéia.
12) 18/06 – O judaísmo no tempo de Jesus. Judaísmo ou Judaísmos?


terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

ABC dos Mapas Bíblicos


Título: ABC dos Mapas Bíblicos
Catálogo: Bíblico
Assunto: Mapas
Ano: 2008
Autor(a): Filippo Serafini Giacomo Perego
Acabamento: grampeado
Número de páginas: 63
Editora: PAULUS
Edição: 1
Código de barras: 9789723012880
ISBN: 9729783012880

Sinopse: Pequeno altas bíblico para acompanhar a leitura e o estudo da Bíblia. São 36 mapas com construções e fotografias.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Palestina, Judéia ou Israel?

SCHMIDT, Francis. Espacialização. IN: ---. O pensamento do Templo. De Jerusalém a Qumran. Trad. Paulo Meneses. São Paulo: Loyola, 1998. p.18-21.


P. 18. Disparidades regionais e flutuações históricas que exprimem em particular a multiplicidade dos nomes dados a esse território polimorfo, quer seja descrito do exterior por observadores como Heródoto, por geógrafos como Estrabão, por naturalistas como Plínio, o Velho, quer designado do interior por uma administração estrangeira — lágida, selêucida ou romana — ou pelos próprios judeus, o uso corrente, assim como a nomenclatura oficial, apresenta uma diversidade desconcertante.

De todas essas denminações, reterei apenas três, que atestam as legendas de três moedas. A primeira é um grande bronze posto em circulação em Naplusa, em 159-160. Na frente, o busto de Antonino, o Piedoso; no verso, um templo no cimo do monte Garizim, acompanhado da legenda grega Neapoleôs Syrias Palaistinês. A segunda moeda é um sestércio de bronze, datado de 71, com o busto de Vespasiano na frente; no verso, uma palmeira, ladeada pelo imperador à esquerda e por uma mulher judia cativa à direita, está rodeada pela legenda: Judaea capta. A terceira é uma tetradracma da segunda guerra judaica. Na frente, a fachada tetrastilo do Templo de Jerusalém; no verso, o lulav e o etrog, que fazem referência à festa de Sukkot, estão circundados pela legenda, em escrita paleo-hebraica: “Ano 1 da redenção de Israel”. Três moedas, portanto três denominações diferentes: Palestina, Judéia, Israel[1].

P.19. Literalmente, Palaistinê é o nome grego que designa o país dos filisteus. Em um comentário sobre a tábua dos povos de Génesis 10, que enumera as diversas regiões do mundo ocupadas pelos filhos de Noé, Flávio Josefo diz que Filistinos, um dos descendentes de Cam, é o único que se instalou em um país que leva o nome de seu fundador: “Com efeito”, escreve, “os gregos chamam Palestina à parte que lhe coube” (Antiguidades, 1, 136). Já no testemunho de Heródoto (Histórias, VII, 89), Palestina é o nome dado à parte da Síria onde habitam os fenícios, e a toda a costa até o Egito. Igualmente, o geógrafo Pompônio Mela (Chorographia I, 11, 63) e Plinio, o Velho (História natural, V, 69), designam assim a faixa costeira que se estende da Fenícia ao Egito. Mas tomado em uma segunda acepção, igualmente atestado por Heródoto, o termo estende-se a toda a região que está atrás, e então compreende o conjunto da Síria meridional: “Os fenícios e os sírios da Palestina reconhecem, eles próprios, ter aprendido dos egípcios o costume da circuncisão” (Histórias, II, 104, 3)[2]. Aristóteles admira-se com as fábulas que contam sobre um lago da Palestina onde flutuam na superficie todos os corpos de homens ou animais que nele são mergulhados, e que é tão salgado que nenhum peixe pode viver ali (Meteorológicos II, 359 a). A região habitada por “uma parte não desprezível da nação muito populosa ágida, dos judeus”, e muito especialmente pelos essênios, é chamada “Síria Palestina” por Filon de Alexandria (Probus, 75). Mas só depois de 135 o nome oficial da província romana da Judéia será substituído por “Síria Palestina” ou ‘Palestina”. Esse nome, que não é atestado nem nos Setenta nem na literatura apocaliptica judaica nem no Novo Testamento, só raramente é encontrado nos escritos rabínicos.

A região localizada em torno de Jerusalém, onde se estabeleceram os judeus ao voltar do exílio, foi nomeada Yehudah — traduzido por Iudaia nos Setenta —, por referência ao antigo reino de Judá. No fim do período persa, entre 360 e 331, as moedas de prata emitidas pelo governo da província da Judéia trazem a legenda YHD, Yehud na escrita aramaica antiga[3]. Na época selêucida, a Judéia designa o território habitado pelo ethnos tôn Iudaiôn, a nação dos judeus. Após a expansão do território hasmoneu, a palavra Judéia toma também sentido amplo, incluindo além da Judéia propriamente dita outras regiões, em especial a Samaria e a Galiléia. Essa segunda acepção é P.20. testemunhada, por exemplo, por Estrabão: “O país do interior, situado além da costa fenícia, até a fronteira da Arábia, entre Gaza e o Anti-Líbano, chama-se Judéia” (Geografia, XVI, 2,21). O termo designa então o conjunto das regiões habitadas majoritariamente pelos judeus. Na nomenclatura oficial da administração romana, essa acepção ampla será retida para designar a província romana da Judéia. Plínio e Flávio Josefo[4] utilizam a palavra em suas duas acepções. Contudo, na Mishnah, a Judéia, tomada no sentido estrito do termo, constitui com a Transjordânia e a Galiléia um conjunto tripartido mencionado com freqüência[5].

Quando Ezequiel anuncia o retorno dos exilados ao país de seus pais, chama esse país “terra de Israel”. Ali, o povo e seu Deus serão reunidos[6]. Assim, em sua acepção territorial, Israel não se opõe mais a Judá como o reino do norte ao reino do sul. No decorrer de sua história, o nome conserva em geral essa conotação particular — uma terra dada por Deus a seu povo — e se opõe ao país do exílio ou ao das nações estrangeiras. Gravando sobre suas moedas o termo “Israel” e não “Judéia”, os rebelados da primeira e da segunda guerras judaicas fazem mais que declarar a independência de seu território; escolhendo esse termo, afirmam-se como herdeiros da terra ancestral e sagrada. Conforme a regra de que “todo mandamento que é dependente do país só pode se aplicar no país” (Qiddushin, 1,9), quando a Mishnah pergunta sobre os limites no interior dos quais se aplicam as prescrições do Levítico referentes ao ano sabático (Sheviit, 6,1), ou as dos Números sobre o imposto sobre a pasta do pão (Halla, 4,8), a Mishnah estabelece que só se aplicam na ‘Erets Israel. No entanto é preciso compreender que se trata aqui de um território de fronteiras sem relação com nenhuma realidade histórica. Enquanto essa designação é atestada com muita freqüência nos escritos rabínicos, é significativo constatar que o termo “Palestina”, ao contrário, raramente é encontrado.

Esses três nomes atestam que o território habitado pelos judeus, mas constituído de regiões tão díspares como a Judéia propriamente dita, a faixa costeira, a Galiléia e a Peréia, foi percebido como formando um conjunto próprio, distinto não só dos países vizinhos mas também das comunidades judaicas da diáspora. É, portanto, suscetível ser um dos referentes sobre os quais se funda o sentimento de pertença P.21. a uma mesma comunidade. Contudo, esses três nomes remetem a três percepções muito diferentes de uma mesma realidade. “Palestina” é o nome dado pelos estrangeiros à comunidade judaica. Embora consagrado pela tradição historiográfica — que opõe correntemente o judaísmo palestino ao da diáspora —, não dá conta da relação da comunidade judaica com seu território durante o período do segundo Templo. Tratando-se de uma pesquisa sobre a identidade judaica, essa primeira designação está, por assim dizer, fora do jogo. “Judéia” é empregado tanto na linguagem corrente como na nomenclatura oficial, em hebraico e também em aramaico, em grego e em latim. Sem dúvida, o termo é ambíguo, na medida em que é utilizado tanto em sentido restrito como amplo. Ao menos é empregado tanto pelos próprios judeus como pela administração romana. Quanto a “Israel”, trata-se de uma denominação própria dos judeus, não utilizada pelos estrangeiros. Por oposição ao país das nações, Israel designa a terra onde o povo mantém relações privilegiadas com seu Deus. Longe de ser equivalentes, esses dois termos implicam, cada um, uma visão judaica específica do território judaico: mais política e administrativa no caso da Judéia, mais simbólica no caso de Israel.



[1] Sobre o conjunto dos nomes dados à Palestina: Abel 1933, I, pp. 3 10-332. Sobre a oposição entre “Judéia” e “Palestina”: Feldman 1990, pp. 1-23. A moeda de Naplusa: Rosenberger, III, 1977, p. 6. A moeda da Judéia cativa: Rappaport 1984, p. 51, gravura IV, 6. A tetradracma da segunda guerra judaica: Mildenberg 1984, pp. 123-125.
[2i] Segundo Flávio Josefo, Antiguidades, VIII, 262; Contra Ápio, 1, 168 ss., esses sírios da Palestina são exatamente os judeus: ver Stern 1976 (onde se encontrará um comentário magistral de todos os outros textos gregos e romanos aqui citados), I, pp. 2-4. a IV, 6.
[3] Sobre essa cunhagem de moeda da província de Judéia: Mildenberg 1979, pp.183-196.
[4] Plinio, História naturalis, V, 70; Flávio Josefo, Guerra, III, 5 1-55 (a Judéia propriamente dita); III, 143, 409 (a Judéia em sentido amplo).
[5] Assim Mishnali, Cheviit, 9, 2; Ketubbot, 13, 9; Babba Batra, 3, 2.
[6] ‘Erets Israel. Sobre uma análise semântica do vocabulário da “terra” (‘admat Israel e ‘erets Israel) em Ezequiel, ver Keller 1975, pp. 481-490.

O Território

SCHMIDT, Francis. Espacialização. IN: ---. O pensamento do Templo. De Jerusalém a Qumran. Trad. Paulo Meneses. São Paulo: Loyola, 1998. p.17-18.


P.17.
Na época selêucida, a comunidade judaica leva o nome oficial de ethnos tôn Iudaiôn. O território dessa “nação dos judeus” se estende até o Jordão e o Mar Morto a leste. Limitado pela Iduméia ao sul, não vai além de Betsur, no caminho de Hebron a Jerusalém. A oeste, não alcança a costa, mas pára além de Lida. Ao norte, o limite entre a Judéia e a Sarnaria começa pouco depois de Modin, a aldeia dos macabeus, Betel e Jericó. Trata-se, pois, de um território de dimensões modestas, que quase não ultrapassa o da cidade de Jerusalém[1].

Com o tempo, a política de anexação dos hasmoneus teve por efeito dar a esse território uma extensão considerável. Por ocasião da morte de Alexandre Janeu, em 76 a.C., o reino hasmoneu comporta, além da Judéia, a Sarnaria, a Galiléia, a Iduméia, o litoral do monte Carmelo até Rafia, e além do Jordão e do Mar Morto uma faixa de território que se estende da Gaulanítide ao norte até o país de Moab ao sul.

Depois da intervenção romana e da dominação da Judéia, sob o controle de Roma, o reino de Herodes Magno, “amigo e aliado do povo romano”, volta a ter as dimensões do tempo de Alexandre Janeu. São P.18. acrescentadas a Batanéia, a Traconítide e a Auranitide, a leste do lago de Genesaré.

Essa expansão territorial foi acompanhada de uma política de judaização das regiões anexadas. Vêm agregar-se à Judéia regiões mais ou menos recentemente judaizadas: assim a Iduméia na época de João Hircano (134-104); o norte da Galiléia na época de Aristóbulo I (104-103), ou muito mais recentemente, na época herodiana, as regiões situadas a leste do lago de Tiberíades. Aparecem, pois, no interior do país judaico, disparidades regionais, históricas, acompanhadas muitas vezes de particularidades halákhicas[2]. Em suma, um território de limites flutuantes, de estatutos políticos múltiplos e cambiantes, de regionalismos fortemente marcados.



[1] Sobre as fronteiras de Israel, ver Vidal-Naquet 1989, pp. 848-854.

[2] Schürer 1979, II, pp. 13-14; contra Schiffinan 1992, pp. 143-156.