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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Qual o verdadeiro dia do Natal?

Jornal do Brasil, Vida: Saúde e Ciência, página 21, em 25/12/2008.


Qual o verdadeiro dia do Natal?


Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Astrônomo


Existem eventos que, pela sua natureza, quase que não são questionáveis. Um deles re-fere-se ao Natal. Habituados que estamos a comemorá-lo todos os anos em 25 de dezembro, jamais poderíamos supor que o nasci­mento de Jesus tivesse ocorrido em outra data. No entanto, é justamente o nascimento de Cris­to o acontecimento histórico que mais tem atraído a atenção de diversos astrônomos, em parti­cular daqueles interessados em problemas históricos e preocu­pados com a procura de uma explicação racional para o grande mistério da Estrela de Belém.


Por definição, Jesus nasceu no ano 1 da nossa era, pois o seu nascimento é o evento que marcou o início da era cristã. Na realidade a verdade é outra. Tudo começou em 525 d.C., quando Dionísio, o Pequeno, ao fixar o nascimento de Cristo em 25 de dezembro, efetuou um erro de cálculo da ordem de pelo menos cinco anos. Ele não havia considerado nem o zero (al­garismo que seria introduzido na Índia no século 9 a.C.) nem os quatro anos que o Imperador Au­gusto reinou com o seu próprio nome de batismo, Otávio. Con­siderando todos esses elementos, chegamos à conclusão de que a data de nascimento de Jesus deve situar-se entre os anos 5 a 7 a.C.


Em que dia do ano nasceu Cris­to? O Natal, em 25 de dezembro, começou a ser celebrado em todo o mundo como o dia do nascimento de Jesus depois do ano 336 d.C. Antes, essa data era aceita com o solstício do inverno no hemisfério Norte. Era o meio do inverno, a partir do qual os dias começavam a se alongar. A festa pagã do dies solis invicti natalis, ou seja, o dia do nas­cimento do Sol invicto era ce­lebrado no dia que coincidia com a estação durante a qual os trabalhos cessavam.


Nesse dia em que o Sol co­meçava a se dirigir para o Norte; as casas eram decoradas com ár­vores, presentes eram trocados entre os amigos, ceias e procissões eram efetuadas pelos povos pa­gãos em homenagem ao Sol, que voltava à sua posição elevada. Co­mo os primeiros cristãos come­moravam esse feriado, a Igreja decidiu transformar tal cerimónia pagã numa festa cristã. Assim, o dia 25 de dezembro passou a re­presentar o dia do nascimento de Cristo.


No Oriente, o nascimento foi inicialmente celebrado em 6 de janeiro, data que estava associada à Estrela de Belém. Essa comemo­ração tinha como objetivo subs­tituir a cerimônia pagã que em 6 de janeiro se comemorava no tempo de Kore em Alexandria e em al­gumas regiões da Arábia, quando se celebrava Kore, a virgem, que deu à luz Aion.


Palpites

Em 194 d.A., Clemente de Ale­xandria propôs a data de 19 de novembro do ano 3 a.C, enquanto outros pretendiam que o nasci­mento ocorresse em 19/20 de abril ou 30 de maio. Mais tarde, por volta de 344 d.C, Epifânio (c.315-403) propôs o dia 6 de janeiro embora também tivesse sugerido a data de 20 de maio. Nessas datas existem confusões entre a época da con­cepção e do nascimento. No en­tanto, tais datas parecem concordar com a velha tradição de que Cristo teria sido concebido na primavera, no fim de maio, e nascido em meados do inverno (essas estações referem-se ao Hemisfério Norte).


Segundo os relatos da Bíblia, o nascimento de Cristo pode ser de­terminado em função de São João Batista. Assim Zacarias, o pai de João Batista, foi o sacerdote da travessia de Abia (Lucas 1.8) que teria servido no templo na sexta semana depois da Páscoa, semana anterior ao Pentecoste. Como todos os sacerdotes também serviram durante o Pentecoste, Zacarias teria deixado Jerusalém para sua casa no décimo segundo dia do mês do calendário israelita Sivan, ou seja, em 12 de junho do nosso calen­dário. Ora, como Isabel, sua esposa, concebeu seu filho depois do seu retorno (Lucas 1.24) conclui-se que João Batista deve ter nascido 280 dias mais tarde, ou seja, nas vi­zinhanças do dia 27 de março. Lucas (1.36) registrou ser Cristo seis meses mais jovem que João Batista, o que faz ter o nascimento de Cristo ocor­rido em setembro seguinte, ou seja, no outono do ano 7 a.C.


A primitiva tradição cristã re­gistrava que Jesus nasceu um dia depois de um Sabbath judeu, isto é, em um domingo. Crenças astro­lógicas tradicionais indicam, como dia mais provável, o sábado, dia 22 de agosto de 7 a.C. Seria con­veniente lembrar que no calendário judeu o dia começa ao pôr-do-sol, de modo que se considerarmos a legenda que Cristo nasceu depois do pôr do Sol, podemos aceitar que o seu nascimento ocorreu em 21 de agosto do ano 7 a.C.


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