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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A Pedra e a Torre: narrativas sobre os cristianismos de Pedro e Maria Madalena

A Pedra e a Torre: narrativas sobre os cristianismos de Pedro e Maria Madalena

William Alves Biserra

Dissertação de mestrado em Literatura (UnB)

Data da defesa: 24/01/2008

Resumo: Esta dissertação discute a exclusão das mulheres no início do cristianismo a partir da análise de duas obras: O evangelho gnóstico de Maria Madalena, (cerca séc. IV d.c.) e o romance The Wild Girl, da escritora inglesa contemporânea Michele Roberts. Não se pode falar de história do cristianismo sem se falar da Igreja Romana. A ortodoxia não nasceu pronta, ela precisou se impor por meio de séculos de luta teológica. Seu principal trunfo foi a conversão do imperador Constantino e o direito, dado por ele, de exercer poder de polícia em assuntos de fé. A partir daí, Roma podia perseguir fisicamente os “hereges”. Um desses grupos perseguidos era o dos gnósticos, eles acreditavam em uma deusa-mãe, criadora de tudo; defendiam que a queda e o pecado não foram culpa da mulher e diziam que o principal apóstolo não era Pedro e sim Maria Madalena, de quem alegavam ser filhos espirituais. Uma visão bem mais favorável para as mulheres do que aquela apresentada pela ortodoxia, que as estava, naquele exato momento, excluindo dos espaços de poder eclesiástico. As mulheres haviam sido muito importantes para o estabelecimento do cristianismo, elas eram pregadoras e sacerdotisas, mas uma vez estatizado o movimento, a ortodoxia disse que elas deveriam voltar para o espaço doméstico. Michele Roberts buscou questionar essa injustiça histórica e escreveu uma obra em que, simulando um evangelho, reconta o nascimento do cristianismo na visão de Maria Madalena. Tomando por base o evangelho gnóstico atribuído a esta última, Roberts se vale do feminismo e das técnicas narrativas contemporâneas para subverter a metanarrativa patriarcal que satanizou o corpo e reificou a mulher. O objetivo principal ao analisar essas obras é buscar nelas pontos em comum, desconstruções, reconstruções, tópoi discursivos. Para além da intertextualidade e das transformações metaficcionais de Roberts, entenderemos as duas obras sob a condição literária de construtos verbais. O aspecto literário irá juntar-se às questões históricas, políticas e mesmo teológicas. Um segundo objetivo é mostrar não o que foi, mas o que não foi, ou seja, ouvir outras histórias sobre cristianismos, abafadas e silenciadas; tradições cristãs diferentes, com a possibilidade de uma apóstola fundadora. A proposta aqui apresentada é a de analisar um evangelho do século II e um romance do século XX enquanto se passeia por uma tradição cristã combatida, abafada e resgatada. Para isso, as principais bases teóricas utilizadas serão: as reflexões dos estudos de gênero; aspectos da teoria historiográfica contemporânea e a metaficção historiográfica.


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