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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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sexta-feira, 7 de março de 2008

O jogo das perspectivas na narrativa bíblica: o narrador e Deus.

STERNBERG, Meir. O jogo das perspectivas na narrativa bíblica: o narrador e Deus. IN: AMOSSY, Ruth (org.). Imagens de si no discurso: a construção do ethos. São Paulo: Contexto, 2005. p.185-194.

Observação: Esse texto de Meir Sternberg, Professor de Teoria da Literatura na Universidade de Tel-Aviv, foi extraído da obra The Poetics of the Biblical Narrativa. Ideological Literatura and the Drama of Reading, publicado em 1987 (Bloomington,Indiana University Press) e adaptado do inglês por Aviva Sher-Maayani e Ruth Amossy. A Editora da Universidade de Indiana autorizou a publicação deste extrato em sua versão francesa (Poétique du récit biblique).

Comentário (adaptado) de Sírio Possenti: O autor Meir Sternberg reitera em seu trabalho Poétique du récit biblique que a questão do ethos no texto literário está no coração da narratologia contemporânea, mesmo que o termo não venha a ser utilizado. O autor aborda a questão do poder de persuasão outorgado ao narrador bíblico; além disso, alia a retórica à poética narrativa Ao mesmo tempo, os pontos de vista narrativos (quem vê?) são considerados do ponto de vista do problema das vozes (quem fala?) e, o que é mais importante, das modalidades dessa fala e da autoridade que ela confere ao locutor. Trata-se de explicar os procedimentos narrativos graças aos quais a narrativa concilia o poder absoluto de Deus, que se exprime em sua fala tal como é relatada pelo narrador, e o poder do próprio narrador, cuja função é assegurar o impacto da narrativa sobre o leitor.

É nesse sentido que Sternberg estuda a construção de uma imagem de si no discurso bíblico. O especialista em poesia examina a complexidade dos pontos de vista e o jogo de vozes. Faz isso mostrando como o narrador gera as tensões suscitadas pela necessidade de garantir a Deus sua primazia e, ao mesmo tempo, conferir-se a autoridade do narrador e do argumentador. Põe à luz os paradoxos dos quais se alimenta a arte da narrativa bíblica. Como, reportando a palavra divina, ao mesmo tempo que o discurso dos homens, apresentar por meio dela uma imagem na divindade que não se confunde com a dos humanos? Como por meio das modalidades de sua enunciação, apresentar-se a si mesmo permanecendo uma voz encarnada, e transformar um discurso impessoal em fonte de autoridade?

O fragmento que se segue examina o modo pelo qual o discurso bíblico resolve as tensões e procura, construindo habilmente o ethos do narrador versus o de Deus, levar o leitor a seus pontos de vista.

Sugestão de Sírio Possenti: o estudo da questão do ethos narrativo que tem sido trabalhado por Albert W.Halsall (1988, 1995).

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