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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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domingo, 20 de janeiro de 2008

As famílias se organizam em busca da sobrevivência: período tribal (1220-1030 a.E.C.)

Cf. AUTH, Romi. As famílias se organizam em busca da sobrevivência: período tribal (1220-1030 a.E.C.). São Paulo: Paulinas, 2001. p.53-54. (Visão global, 4).


Conclusão: apesar das dificuldades, o povo descobriu Deus na história

Essas narrativas bíblicas são quase as únicas referências que temos sobre o período tribal. Mas a preocupação dos autores da Bíblia não era contar a história tal qual aconteceu, e sim narrar a presença e a ação de Deus no meio do povo. Por isso, falar sobre esse período é muito difícil, porque na fase inicial da história do povo de Israel o uso da linguagem escrita era extremamente restrito. Quase todos os documentos escritos são muito posteriores ao período tribal. Além disso, são fruto de uma fusão de muitas tradições orais de épocas, contextos e grupos humanos diferentes. O importante para nós não é saber se os fatos aconteceram assim mesmo, mas descobrir a presença de Deus nas lutas do dia-a-dia, como fez o povo de Israel.

No período de 1220 a 1010 a.E.C., as tradições do passado de Israel eram contadas sobretudo por meio da tradição oral. Conhecemos poucas narrativas que teriam sido escritas nessa época. De uma forma geral, esse período ainda faz parte das tradições orais. O povo passou adiante, de geração em geração, as histórias que eram contadas e, muito mais tarde, registradas e unificadas em uma só história familiar.

Começam com a história de Abraão e seus descendentes (Isaac, Jacó, José e seus 11 irmãos), dos quais teriam nascido as 12 tribos de Israel. Todavia, de fato, muitos grupos de origens, situações e contextos diferentes integraram as tribos e receberam nomes segundo os lugares nos quais se estabeleceram. A uniformidade com que Josué apresenta o assentamento dos grupos não parece corresponder aos fatos.

Há muitas dificuldades para precisar o período histórico das tribos de Israel; a Bíblia e a maioria dos estudiosos o situam nos séculos XII e XI a.E.C., no período pré-monárquico. O importante, porém, é a leitura que o povo da Bíblia fez de sua história, apesar da dificuldade de compreender alguns textos.

Não há dúvidas sobre a existência de grupos marginalizados que se uniram e foram para as montanhas pr volta de 1300 a.E.C.; ali receberam diferentes nomes e são identificados com as 12 tribos de Israel. Estas eram governadas pelos juízes suscitados no meio dos grupos, para sua autodefesa, sobretudo nos momentos de perigo. Os grupos tentavam construir um estilo de governo mais democrático e comunitário, em contraste com o sistema tributário dos reis das cidades-estados e dos faraós do Egito. Infelizmente o sistema de vida tribal sobreviveu por apenas 200 anos. Houve problemas internos — corrupção, ganância e idolatria (lSm 2,12-25) — além de problemas externos, como a ameaça constante dos filisteus na Cisjordânia e dos edomitas, moabitas, amonitas e madianitas na Transjordânia. O motivo mais importante que o autor bíblico dá ao fracasso do sistema tribal é a idolatria (Jz 2,2-23; 3,1-6). O fracasso era visto como castigo de Deus por causa da infidelidade à aliança. O Senhor não era mais a única segurança e força para levar adiante o projeto de igualdade e justiça. As tribos sentiram, então, necessidade de buscar segurança em outra forma de governo: a monarquia.

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