17
de Tamuz e as Três semanas
De
05/07 a 26/07/2015
O dia 17 (Shivá Esrei) de
Tamuz (em 5775 corresponde a
05/07/2015, domingo) marca o início da destruição de Jerusalém (quebra dos
muros da cidade), que culminou com a destruição do Templo em 9 de AV (Tishá BeAv), correspondendo, em 5775, à noite de 25/07/2015,
sábado, e 26/07/2015, domingo.
17 de Tamuz é um dia de
jejum, devotado a prantear os trágicos eventos que ocorreram nesta data, ao
arrependimento e a retificar suas causas. Abstemo-nos de toda comida e bebida
desde o “romper do dia” (cerca de uma hora antes do nascer do sol, dependendo
da localização) até o anoitecer. Preces especiais e leituras da Torá são
acrescentadas aos serviços do dia. 17 de Tamuz também assinala o
início das Três Semanas, período de luto que culmina com 9 de Av, marcando a conquista de
Jerusalém, e destruição do Templo Sagrado e a dispersão do povo
judeu. Casamentos e outros eventos alegres não são realizados durante este
período, e diversas atividades agradáveis são
limitadas ou proibidas (consulte o Shulchan Aruch ou um rabino sobre
as proibições específicas).
Leitura:
Em Tishá BeAv (Memorial pela
destruição do Templo e de Jerusalém) é realizada a leitura
da Meguilat Eichá (Livro de Lamentações).
SASSI, Katia Rejane. Pentateuco
feminino: cinco livros proclamados nas festas judaicas. São Leopoldo: CEBI,
2012. p.11-12; 20-21.
O rolo de Lamentações
O rolo das Lamentações, como uma
coleção de cinco poemas, retratam o drama vivido pela comunidade judaica por
ocasião dos acontecimentos de 587 [a.C.], a ruína de Jerusalém. Nesta
estrutura litúrgica, diversas vozes, individuais ou coletivas, falam dos
danos causados pela guerra, da desolação de Sião, das angústias da
deportação e da confusão do povo (MONLOUBOU[1],
p. 203).
Diferentemente dos demais megillot, que
apresentam o protagonismo e a iniciativa das mulheres, o rolo de Lamentações
parece destoar um pouco. No entanto, nos faz repensar esta ideia, fazendo
referências ao costume das mulheres de entoar cânticos de triunfo e cânticos
de lamento (2Sm 1,20.24; Jr 9,16b-17.19; Ez 32,16). Dentro da tradição oral,
pode-se supor que o "entoar cânticos de lamentações era uma tarefa
designada às mulheres e desempenhada por ocasião de eventos religiosos e
políticos quando o povo de Israel se reunia".
A Bíblia descreve o papel importante
que as mulheres desempenham nas duas extremidades da vida: no nascimento e
na morte. Lembramos das parteiras (Ex 1,15) e das carpideiras (Jr 9,16-21).
Uma arte que era transmitida de mãe para filha.
Em Lamentações, encontramos
metáforas da mulher: "A primeira entre as nações está como viúva"
(Lm 1,1), "a cidade de Sião perdeu toda a sua beleza" (Lm 1,6) e
outras passagens bíblicas. Por trás das imagens da mulher como representante
de Judá, do Monte Sião, de Jerusalém, transparece a condição delas na
sociedade patriarcal. A realidade da mulher viúva, sem direito à propriedade,
piorava ainda mais a situação.
Memorial da destruição de Jerusalém
Bem cedo as lamentações foram
associadas às manifestações litúrgicas de luto e penitência instituídas por
Israel para comemorar o incêndio e a destruição de Jerusalém, no quinto mês
do calendário israelita (2Rs 25,8), por Nabucodonosor e suas tropas. Há
provas de que a lamentação no local do templo destruído começou pouco depois
da destruição da cidade (Jr 41,5-6) e que dias de jejum anuais, comemorando
a queda da cidade eram observados durante todo exílio e pelo menos até a
reconstrução do templo (Zc 7,1-7; 8,19).
A liturgia sinagogal as retoma
sempre no nono dia do mês de Ab [Av] (julho-agosto), acrescentando a
comemoração do incêndio do templo pelos romanos em 70 d.C. Em Jerusalém, elas
são comemoradas à noite, durante uma longa vigília de oração diante do muro,
único vestígio do segundo templo (MONLOUBOU, p. 210-211).
O dia do Memorial da Destruição de
Jerusalém é um dia de luto marcado por um jejum rigoroso. Neste dia, não se
estuda a Tora, mas é dada mais importância à leitura do rolo das Lamentações.
Ao fazer memória da destruição do templo, o povo lembra a ausência e o abandono
de Deus. O povo reconhece seu pecado e percebe que essas calamidades se
devem à sua infidelidade (Mq 3,12). Este é o sentido desta festa. Relembrar
esta ausência, em oração, é reconhecer, ao mesmo tempo, que Deus é presença.
O sofrimento e o luto são passagem obrigatória para um dia ter acesso à
alegria da presença.
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Veja mais:
- Chabad: 17 de Tamuz e Tishá BeAv
- CJB: Mini-Guia 17 TAMUZ E TISHA B' AV
- Morashá: TISHÁ B'AV
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