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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Cláudia Andréa Prata Ferreira é Professora Titular de Literaturas Hebraica e Judaica e Cultura Judaica - do Setor de Língua e Literatura Hebraicas do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ.

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Daniela Kresh: AS VITRINES DA ZARA

Rua Judaica (edição 146, em 21/12/2009)


Daniela Kresh: AS VITRINES DA ZARA


A rede espanhola Zara teve que mudar a decoração de algumas de suas lojas em Israel, semana passada. Depois de receber reclamações de alguns clientes, quatro sucursais da famosa loja de roupas retiraram das vitrines árvores de natal estilizadas, substituindo o símbolo natalino por candelabros de Chanuká. Alguns consumidores reclamaram que a rede “ignorou” a Festa das Luzes judaica na decoração de dezembro, expondo apenas elementos relacionados ao Natal cristão. Nada de Chanukiot, piões, velas ou lâmpadas típicas de Chanuká.


Os franqueados da Zara em Israel explicaram que apenas seguiram a decoração mundial da Zara. Isto é: as vitrines de todas as sucursais pelo mundo são iguais. E em dezembro, elas são natalinas, mesmo que a Zara tenha clientes de todas as religiões. Mas, ao que parece, a sede espanhola da rede decidiu dar sinal verde para que algumas lojas em Israel mudassem o padrão, incluindo alguns símbolos judaicos na decoração.


Há muitos boatos e histórias por aqui sobre a Zara. Muitos israelenses acreditam que os donos são anti-semitas. Um exemplo disso seria o fato de que a rede colocou à venda, há dois anos, bolsas enfeitadas com suásticas. Não adiantou que a direção tenha retirado o produto das prateleiras e tenha explicado que a bolsa em questão foi feita com símbolos da Índia (e a suástica seria um símbolo místico budista).


A ONG americana Liga Anti-Difamação (ADL), que monitora o anti-semitismo nas Estados Unidos e no mundo, chegou a publicar uma nota garantindo que a Zara não é anti-semita. Mas isso não acabou com a boataria, pelo menos por aqui. Tem gente que faz boicote à loja. Mesmo sem ter certeza de nada.


As vitrines natalinas só aumentaram a suspeita de muitos israelenses de que a Zara não dá muita bola para judeus e o Judaísmo. Alguns consumidores se ofenderam com a visão de árvores de Natal em shoppings do Estado Judeu. “Não havia uma Chanukiá sequer na vitrine”, reclamou uma israelense à imprensa local. “Isso me parece que uma falha. Estamos, afinal de contas, em Israel, um país antes de tudo judeu. A Zara está sendo imprudente”, continuou a consumidora.

Árvores de Natal e bonecos de Papai Noel não são símbolos bem vistos por muitos israelenses, mesmo que o país tenha uma pequena minoria de cidadãos cristãos. E mesmo que, nos canais de TV e nos cinemas do país passem inúmeros filmes de Hollywood sobre Natal e outras festas cristãs. Esse tipo de hojeriza a símbolos relacionados a outras religiões me incomoda, principalmente porque nasci e cresci no Brasil, o maior país católico do mundo. No Brasil, os judeus são minoria, mas há candelabros de Chanuká em muitas cidades.


Acho que muitos israelenses têm medo de que o país deixe de ser judeu caso se abra, mesmo que um pouco, a símbolos de outras religiões. Ao meu ver, esse é um temor irracional e sem base na realidade.


(O grifo em negrito é meu)


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