O Evangelho Segundo Jesus Cristo: As Boas Novas de uma Consciência Infeliz.
Paulo Victor de Souza Rocha
Dissertação de Mestrado em Ciência da Literatura (Literatura Comparada), Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
Resumo: O presente trabalho aborda O Evangelho Segundo Jesus Cristo, obra do escritor português José Saramago, em seu aspecto dialógico e, no que se refere ao universo mítico do Cristianismo, extremamente contestador. Dentro dessa ótica, o livro em questão pode ser entendido como um romance moderno cujo empreendimento principal fundamenta-se em uma releitura dos evangelhos tradicionais encontrados no Novo Testamento. O diálogo que se estabelece entre as escrituras tradicionais e o evangelho moderno de Saramago caracteriza-se por intermédio de um amplo conflito entre dois modelos antagônicos de consciência: a consciência da salvação, nos evangelhos bíblicos, e a consciência do materialismo histórico, na obra do escritor português. No âmbito dessa releitura, encontram-se conceitos teóricos e construções filosóficas desenvolvidos pela modernidade: trata-se, no evangelho de Saramago, de uma perspectiva inovadora e, ao mesmo tempo, libertária. Nesse sentido, as filosofias de Jean-Paul Sartre, Michel Foucault e Friedrich Nietzsche tornam-se essenciais para a compreensão de uma mensagem que se encontra no universo ficcional do romance saramaguiano: a contestação de um amplo poder religioso presente nos evangelhos canônicos. Dentro dessa insatisfação com os modelos de representação tradicionais encontra-se O Evangelho Segundo Jesus Cristo: as boas novas de uma consciência infeliz.
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